Nos últimos 20 anos a cultura pop japonesa veio ganhando força,
inicialmente através dos animes como Cavaleiros dos Zodíaco, adaptado do mangá de Masami Kurumada, e Sailor Moon também originado de um mangá, da autora
Naoko Takeuchi, e também dos tokusatsus tais como Jaspion e o Jiraiya O
incrível ninja, exibidos pela primeira vez, pela extinta TV manchete.
Em 1994 estrearia, no Brasil Cavaleiros dos Zodíaco, que
definitivamente marcou a primeira geração dos fãs de animes e mangás do
país. Lembro-me de quando chegava da escola e assim como muitas crianças
da época corria para frente da televisão, não perdendo um único episódio,
curtindo desde a música de abertura, até a do encerramento. E no dia seguinte
comentar com todos o que aconteceu, com os “guerreiros de Atena”
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Cavaleiros do Zodíaco/foto divulgação |
Falando tanto em cultura pop começa-se a imaginar; o que ela
seria realmente? Entende-se por cultura pop, a cultura aprovada e reconhecida
por uma sociedade, que se identifica por ela.
“Trata-se do impacto da industrialização e da massificação na
geração de referências que se tornam comuns a um povo.” (p.12). Assim Cristiane
Sato, autora do livro JAPOP – O poder da cultura pop japonesa, define a cultura
pop e ainda acrescenta “A cultura popular e pop convergem na criação de um
referencial comum – uma característica, uma música, uma pessoa ou um objeto que
se torna óbvio ou banal, que passa a fazer parte do conhecimento universal de
um povo.” (p.13)
A partir dos anos 80, com o maior número programações em rede
nacional, e o crescimento de brasileiros tendo acesso à televisão, a cultura
pop japonesa começou a se espalhar efetivamente, apontando os primeiros ícones
pop japoneses no Brasil.
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Miyavi |
No começo, principalmente para os que hoje em dia tem entre 19 e
25 anos, não havia conhecimento do que os animes realmente representavam, porém
anos mais tarde com a popularização da internet, as crianças da época, hoje
jovens e adultos, resgataram sua paixão de criança e a partir dela despertaram
o interesse por outros artistas da cultura pop do Japão, sejam cantores, bandas
ou atores.
O dicionário de língua portuguesa, Michaelis, define o termo
globalização como “Fenômeno observado na atualidade que consiste na maior
integração entre os mercados produtores e consumidores de diversos países.”
Assim pode-se dizer que este fenômeno é o grande responsável por levar a
cultura pop para os lugares mais longínquos que se pode imaginar, como é o caso
do Brasil cujo país é o mais distante do Japão e, no entanto dividem
experiências culturais tão próximas.
Após o termino da segunda guerra mundial o Japão, entrou numa
fase de “ocupação”, ocupação de suas terras e consequentemente de seu modo de
vida, pelos Estados Unidos. A terra do sol nascente se viu cercada de filmes,
músicas, comida – leia-se fastfood – americana, no melhor estilo americanway, o
jeitinho americano dos EUA divulgar e instalar a cultura pop no mundo. Porém, a
pequena ilha não se deixou sumir frente a avalanche ocidental, ela se
reinventou e utilizou desse “estilo” americano para criar seus próprios ícones
Pops.
Apesar da sua divulgação através dos meios de comunicação, a
cultura pop se difunde na vida real também, através das convenções de animes,
nos festivais de música e de outros tipos que explora toda a cultura nipônica.
Nos estados de São Paulo, Goiás, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul encontra-se o festival Bon Odori, em muitos estados acontece de 2 a 3 eventos de anime/mangá por ano, São Paulo possui o maior evento de anime do país,o Anime Friends, além do Festival do Japão. Enfim nos últimos anos aumenta as formas de expressão da cultura japonesa.
É interessante observar o comportamento dos participantes desses
eventos, percebe-se que os participantes envolvem-se de corpo e alma, seja se
vestindo como os personagens que eles admiram ou utilizando palavras em japonês
para se comunicar. Uma linguagem que só quem está realmente imerso nesse mundo
compreende.
O artigo de Carlos Alberto Machado, A cultura midiática e a
formação de novos costumes, exemplifica como se dá o uso dessa linguagem:
“(..) são as plaquetas dos otakus, sua criatividade, sua lógica interna, seus sistemas classificatórios suas regras e pressupostos. Frases escritas em papel comum ou cadernos universitários, usadas como uma forma de comunicação, visto que se entende comunicação como um processo de troca de significados”.
Diante disso conclui-se que o Japão de hoje superou a exportação
pop antes única dos Estados Unidos, passou de importadora para exportadora de
cultura. Agora ele se abre para o mundo influenciando não só o Brasil,mas diversas nações e despertando em todas as gerações a vontade de se integrar e explorar
mais a cultura nipônica. Explorar não no sentido de extrair até não sobrar uma
única gota de sua identidade, mas sim como aprender e agregar essa nova
cultura, assim como os japoneses fizeram no passado.
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