domingo, 11 de setembro de 2011

A conquista da cultura japonesa através da globalização


Nos últimos 20 anos a cultura pop japonesa veio ganhando força, inicialmente através dos animes como Cavaleiros dos Zodíaco, adaptado do mangá de Masami Kurumada, e Sailor Moon também originado de um mangá, da autora Naoko Takeuchi, e também dos tokusatsus tais como Jaspion e o Jiraiya O incrível ninja, exibidos pela primeira vez, pela extinta TV manchete.
Em 1994 estrearia, no Brasil Cavaleiros dos Zodíaco, que definitivamente marcou a primeira geração dos fãs de animes e mangás do país.  Lembro-me de quando chegava da escola e assim como muitas crianças da época corria para frente da televisão, não perdendo um único episódio, curtindo desde a música de abertura, até a do encerramento. E no dia seguinte comentar com todos o que aconteceu, com os “guerreiros de Atena”

Cavaleiros do Zodíaco/foto divulgação
Falando tanto em cultura pop começa-se a imaginar; o que ela seria realmente? Entende-se por cultura pop, a cultura aprovada e reconhecida por uma sociedade, que se identifica por ela.
“Trata-se do impacto da industrialização e da massificação na geração de referências que se tornam comuns a um povo.” (p.12). Assim Cristiane Sato, autora do livro JAPOP – O poder da cultura pop japonesa, define a cultura pop e ainda acrescenta “A cultura popular e pop convergem na criação de um referencial comum – uma característica, uma música, uma pessoa ou um objeto que se torna óbvio ou banal, que passa a fazer parte do conhecimento universal de um povo.” (p.13)
A partir dos anos 80, com o maior número programações em rede nacional, e o crescimento de brasileiros tendo acesso à televisão, a cultura pop japonesa começou a se espalhar efetivamente, apontando os primeiros ícones pop japoneses no Brasil.
Miyavi
No começo, principalmente para os que hoje em dia tem entre 19 e 25 anos, não havia conhecimento do que os animes realmente representavam, porém anos mais tarde com a popularização da internet, as crianças da época, hoje jovens e adultos, resgataram sua paixão de criança e a partir dela despertaram o interesse por outros artistas da cultura pop do Japão, sejam cantores, bandas ou atores.
O dicionário de língua portuguesa, Michaelis, define o termo globalização como “Fenômeno observado na atualidade que consiste na maior integração entre os mercados produtores e consumidores de diversos países.” Assim pode-se dizer que este fenômeno é o grande responsável por levar a cultura pop para os lugares mais longínquos que se pode imaginar, como é o caso do Brasil cujo país é o mais distante do Japão e, no entanto dividem experiências culturais tão próximas.
Após o termino da segunda guerra mundial o Japão, entrou numa fase de “ocupação”, ocupação de suas terras e consequentemente de seu modo de vida, pelos Estados Unidos. A terra do sol nascente se viu cercada de filmes, músicas, comida – leia-se fastfood – americana, no melhor estilo americanway, o jeitinho americano dos EUA divulgar e instalar a cultura pop no mundo. Porém, a pequena ilha não se deixou sumir frente a avalanche ocidental, ela se reinventou e utilizou desse “estilo” americano para criar seus próprios ícones Pops. 
Apesar da sua divulgação através dos meios de comunicação, a cultura pop se difunde na vida real também, através das convenções de animes, nos festivais de música e de outros tipos que explora toda a cultura nipônica. 
Nos estados de São Paulo, Goiás, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul encontra-se o festival Bon Odori, em muitos estados acontece de 2 a 3 eventos de anime/mangá por ano, São Paulo possui o maior evento de anime do país,o Anime Friends, além do Festival do Japão. Enfim nos últimos anos aumenta as formas de expressão da cultura japonesa.
É interessante observar o comportamento dos participantes desses eventos, percebe-se que os participantes envolvem-se de corpo e alma, seja se vestindo como os personagens que eles admiram ou utilizando palavras em japonês para se comunicar. Uma linguagem que só quem está realmente imerso nesse mundo compreende.
O artigo de Carlos Alberto Machado, A cultura midiática e a formação de novos costumes, exemplifica como se dá o uso dessa linguagem:
“(..) são as plaquetas dos otakus, sua criatividade, sua lógica interna, seus sistemas classificatórios suas regras e pressupostos. Frases escritas em papel comum ou cadernos universitários, usadas como uma forma de comunicação, visto que se entende comunicação como um processo de troca de significados”.
Diante disso conclui-se que o Japão de hoje superou a exportação pop antes única dos Estados Unidos, passou de importadora para exportadora de cultura. Agora ele se abre para o mundo influenciando não só o Brasil,mas diversas nações e despertando em todas as gerações a vontade de se integrar e explorar mais a cultura nipônica. Explorar não no sentido de extrair até não sobrar uma única gota de sua identidade, mas sim como aprender e agregar essa nova cultura, assim como os japoneses fizeram no passado.  

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