sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os guerreiros renegados

A lenda do samurai como guerreiro solitário que conhecemos hoje teve início com uma história real que aconteceu no entre 1701 e 1702, em tempos de paz no Japão. Era o auge do sistema xogunal Tokugawa, o Xógun Tsunayoshi vivia em Edo e o Imperador, sem muito poder, em Kyoto.
Tudo começou quando dois senhores, o daimyö Naganori Asano dono do feudo de Akö e o chefe do protocolo do xogunato Yoshinaka Kira, tiveram uma desavença. Asano, novo daimyö do Xógun,  teria que receber um mensageiro imperial e cabia a Kira orientá-lo à etiqueta adequada.
 Porém Kira era um homem muito arrogante e além de não fazer o seu dever de forma correta, sempre humilhava publicamente Asano, que depois de não agüentar mais essa situação, no dia 14 de março desembainhou sua Katana no castelo de Edo (considerada uma ofensa) e feriu Kira. Por essa ofensa o Xógun ordenou que Asano cometesse o seppuku (ritual de suicídio), confiscando o seu castelo e forçando assim os seus samurais seguidores se dispersassem e tornar - se ronins.
O fato de Kira não receber nenhuma punição e que o clã Asano seria destruído, pois o Xógun apesar do pedido dos guerreiros, não daria os bens de Asano ao seu irmão menor fez com que os planejassem uma vingança contra Kira.
Para que ninguém suspeitasse, os seguidores decidiram viver individualmente uma vida errante. Alguns faziam coisas deploráveis para serem renegados por sua própria família, como vender sua esposa para prostituição – levantando dinheiro para o ataque, um empregou a irmã na casa de Kira para conseguir informações.

 Um ano e meio depois, após Kira ter abaixado sua guarda os 47 ronins liderados por Oishi Kuranosuke atacaram a sua residência, ele ainda tentou fugir se disfarçando de empregado, mas foi pego. Os guerreiros ainda deram-lhe a oportunidade de cometer seppuku, uma morte honrosa, mas diante a sua recusa eles o decapitaram e levaram sua cabeça até o túmulo de Asano, deixando-a cravada em sua espada. Apenas nesse momento eles se sentiram dignos de visitar o túmulo de seu mestre. Após isso todos se entregaram à polícia do Xogunato.
Em 4 de fevereiro de 1703 os 47 ronins cometeram o suicídio ritual. A história deles ficou conhecida por todo o Japão como verdadeiros samurais e o seu feito ficou conhecido como o ideal do buchidö se tornando heróis de sua época.

Várias peças de teatro retrataram essa história no século XVIII, e ficaram conhecidas como Chûshingura (Tesouro dos Leais Servidores)  no teatro Kabuki e depois com o surgimento do cinema isso foi passado para as grandes telas. Um dos mais famosos é o filme japonês de Shijushichinin no shikaku de 1994, e está em produção uma versão americana com Keanu Reeves intitulada 47 Ronin. 

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